'Eu vejo a situação do Nordeste com muita tristeza', lamenta Elba Ramalho |
Cantadora das tristezas e alegrias do sertão, Elba Ramalho é uma das convidadas do forrozeiro Targino Gondim para o show “Sertão da Gente”, que inicia a “2ª Celebração das Culturas dos Sertões” e acontece nesta sexta-feira (3), na Sala Principal do Teatro Castro Alves. Elba ensaiou três músicas para o show, inclusive “Carcará”, hino do Nordeste. Na noite, que reunirá também os cantores Xangai, Nilton Freitas, Quinteto Sanfônico, João Omar, Zezinho Aboiador e Samba de Véio do Rodeadouro, os grandes homenageados são o sanfoneiro Dominguinhos e o repentista Bule-Bule.
A relação entre Elba e Dominguinhos é antiga. São 30 músicas do compositor gravados pela paraibana, quase uma por disco – Elba lança agora o seu 31º álbum, comemorativo dos 30 anos de carreira e intitulado “Vambora lá Dançar”. “Eu consegui fazer uma proeza na música brasileira, quase um disco por ano. É algo extremamente difícil. Não sei nem se é bom, mas eu fiz, não fiquei parada”, contou, em entrevista ao Bahia Notícias.
Com o anfitrião, Targino Gondim, Elba também mantém uma estreita relação de amizade e admiração. “Eu amo Targino, eu acho ele um menino super talentoso, além de ser um ser humano da mais alta qualidade. Ele é muito técnico no que faz: ótimo sanfoneiro e um compositor excelente. Dividir o palco com ele, para mim, não tem nenhum mistério. São raras as pessoas com quem você divide o palco e você fica tranquila, sabe que vai boa, serena e segura. É isso que eu sinto com ele”, descreveu.
Mesmo com a alegria em participar deste momento de celebração do sertão, a cantora admite que a política tem deixado a desejar e entristecido o povo nordestino. “Eu vejo a situação do Nordeste com muita tristeza, não pela predestinação divina, mas pela omissão dos que se dizem bons e responsáveis pelo nosso povo. É uma omissão total. O povo continua morrendo, as safras se perdendo. Isso é uma coisa que eu já gravei, que eu já cantei, que eu já gritei, fui perseguida, porque eu era contra a transposição do Rio São Francisco, que não saiu até hoje. E a gente ainda tem que lidar com isso, só enganação, só mentiras, só promessas vãs de políticos”, desabafou.
Os ingressos, que começaram a ser trocados na tarde desta quinta-feira (2) por 2 Kg de alimento na bilheteria do Teatro Castro Alves, já estão esgotados. Todos os alimentos arrecadados serão doados a famílias diretamente afetadas pela seca, a mais prolongada e intensa dos últimos 80 anos. (Bahia Notícias)
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